segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Dragão Barbudo (Pogona Vitticeps)

Os Dragões Barbudos são originários do deserto australiano, contudo os que encontramos à venda nas lojas são reproduzidos em cativeiro, uma vez que as leis de protecção ambientais australianas proíbem a exportação das espécies do seu território.

Estes animais têm uma esperança média de vida de 7 a 12 anos e podem atingir os 60cm. Devem ser mantidos num terrário de ambiente seco (humidade relativa a rondar os 30%) e com temperaturas a entre os 30ºc e os 32ºc diurnos (na zona quente do terrário) e os 26ºc nocturnos, se se tratar de um dragão bebé pode de facto a zona quente estar termo regulada para os 35ºc, existindo sempre uma “zona fria”, que poderá conter uma recipiente com alguma água para o dragão controlar a sua temperatura corporal.

Características Gerais: Os DB’s são extremamente dóceis, sendo talvez o réptil mais sociável e toleram bastante bem o contacto com o ser humano, e é um dos mais aconselhados para os iniciantes em répteis. Quando pegar o seu animal a melhor forma de o fazer é colocar sempre uma mão por baixo de forma a que ele se sinta seguro junto de si. É importante nunca mostrar medo do seu animal, avance sempre para ele com confiança de modo a mostrar que quem domina é você mas evitando sempre também movimentos bruscos de moda a não o stressar.

É importante manuseá-lo regularmente para que ele se habitue a si, uma técnica bastante usada para que o dragão se sinta seguro perto de si é aquecer uma toalha e aproximá-la do dragão, ele certamente que se irá acomodar nela e provavelmente adormecer.

Alimentação: Em primeiro lugar é importante NÃO alimentar o seu dragão à boca, pois ele poderá associar sempre que se aproximar dele lhe leva comida e mordê-lo, ganhar o hábito de se alimentar perante a presença do dono ou só se alimentar se o dono lhe der comida à boca.

Os DB’s enquanto jovens comem maioritariamente insectos, e com a idade começam a acentuar a sua natureza omnívora. Contudo é importante que o seu dragão comece a comer saladas desde cedo, uma técnica que eu costumo usar é colocar um recipiente com saladas e depois atirar alguns tenébrios para dentro do recipiente, assim que o seu dragão vir algo a mexer vai atacar e acabará sempre por comer alguma salada e assim habituar-se desde jovem.

Existem rações para dragões barbudos jovens e adultos, contudo o que eu aconselho é que apenas coloque uma pequena parte com as saladas e não faça das rações a sua alimentação base.

Existem alguns alimentos que facilmente se encontram nas lojas da especialidade que devem ser considerados como alimentação base, tais como os grilos, baratas ou gafanhotos, existindo quem defenda que os tenébrios devem ser de facto ser a alimentação base enquanto o seu dragão for jovem, visto que são ricos em gordura. Eu, pessoalmente, uso tenébrios com a salada na refeição da manhã (cerca de meia hora depois de ligar as lâmpadas) e uso grilos perto da hora do jantar. Quanto às saladas devem ser compostas quer por vegetais quer por frutos, tenando sempre variar e dar um pouco de tudo, excepto alface, pois não traz benefícios nenhuns ao organismo do seu animal e ainda lhe provocará diarreias.

Ter em atenção que um dragão bebé deve ser alimentado 3 vezes ao dia e que deve colocar sempre mais comida do que o seu dragão consiga comer.

Os DB’s tais como os répteis no geral têm uma carência de vitamina D, logo para além de uma lâmpada específica (tema que abordarei mais adiante) é necessário um suplemento de vitamina D, eu pessoalmente recomendo um produto da Zoomed, o reptivite, que facilmente se encontra quer em lojas quer em sites da especialidade. Com este suplemento deve borrifar ia alimentação do seu dragão todos os dias enquanto bebé e 2 ou 3 vezes por semana quanto o seu dragão for crescendo, isto ajudará o seu dragão a ter um crescimento e uma vida saudável.

Em relação à água, há quem defenda que eles não bebem água, contudo pessoalmente borrifo os vidros do terrário uma vez por dia ou o tronco onde o dragão se encontra e é frequente ele beber. É necessário também conter um recipiente (como já referi anteriormente) pois embora ele não beba água de lá, utiliza-o para se refrescar. É importante mudar essa água diariamente estando sempre limpa, e que este recipiente se encontre numa “zona fria” do terrário.

Grilos

Baratas

Gafanhotos – Apenas dar a DB’s adultos ou semi-adultos.

Tenébrio – Rico em gordura, dar ocasionalmente.

Zophoba – Rico em gordura, deve ser dado ocasionalmente. Importante cortar a cabeça antes de o dar ao seu animal pois possui fortes mandíbulas e causar ferimentos internos graves ao seu animal.


Larva da cera – Rico em gordura, dar ocasionalmente

Buffalo, rico em gordura, dar ocasionalmente.

Vegetais – Couve, Salsa, trevos de dente de leão, beterraba verde ou vermelha, feijão verde, pepino, cenoura, couve, batata, bróculos, ervilhas, couve.

Frutos – Banana, uva, morango, pêssego, pêra, maçã, tâmaras, papaia, melão, melancia, kiwi, figos, etc.

É importante também alimentar os insectos que vão servir de base a alimentação do seu dragão, e lembre-se, quanto melhor alimentar os insectos, melhor alimentado vai ficar o seu dragão.

Pessoalmente, defendo a alimentação de grilos com cenoura ralada, pequenos pedaços de couve, e ocasionalmente pão já duro humedecido em água. Como necessitam de água para não morrerem e pessoalmente não aconselho um recipiente com água uma vez que correm o risco de se afogarem, o que costumo fazer é usar um pouco de guardanapo humedecido em água.

Comunicação: Como já referi, os DB’s são muito sociáveis, mas por vezes demonstram sinais de dominância, ou defesa, estes sinais são transmitidos através de uma linguagem muito própria a que devemos estar atentos.

Arm Waving (Acenar): É natural quando existem vários dragões no mesmo espaço ver os dragões jovens, fixarem-se em 3 patas e utilizarem a outra para fazer uma espécie de aceno através de pequenos círculos, aos dragões mais adultos, logo pensa-se que isto seja uma espécie de submissão, respeitando a hierarquia.

Head Hobbing (Abanar a cabeça na vertical): Este comportamento é natural também noutros tipos de répteis, e em todos os casos, mais comuns nos machos, normalmente é acompanhado de um exibir da barba. São movimentos rápidos e é mais normal na época de reprodução. Significa dominância, as fêmeas respondem com movimento idêntico, em sinal de submissão e com movimentos um pouco mais lentos.

Subir para o dorso de outro dragão: É também um sinal de dominância, tenha em atenção este comportamento caso tenha vários dragões no mesmo espaço pois o de baixo pode sufocar.

Bufar: Este comportamento é próprio em vários répteis, tal como o exibir da barba são sinais de aviso e intimidação.

Cauda levantada: É sinal de insegurança e desconfiança, mostra que o dragão está em alerta. Contudo na época de acasalamento é normal as fêmeas fazerem este gesto mostrando aos machos que estão prontas para acasalar.

Exibir a barba: Os dragões quando pretendem intimidar exibem a sua barba que de imediato fica preta e esticada, mostrando um ar mais feroz para tentar intimidar. Este comportamento não é muito comum se o seu dragão viver sozinho mas pode também ser visto aquando da muda da pele, facilitando assim a muda.

Morder: É necessário que nunca se esqueça que os dragões são animais selvagens, pelo que cuidado e atenção devem estar sempre presentes no seu manuseio, se o seu dragão não estiver nos seus dias e se não se mostrar dócil como normalmente, o que aconselho é não mostrar medo dele, mostrar que quem manda é você, mas respeitar a sua natureza e não o manusear, muitas causas podem afectar o seu comportamento.

Sexagem: Os DB’s enquanto bebés não são fáceis de sexar, o único método é por sonda, feito por um veterinário de preferência especializado em répteis, contudo com a idade machos e fêmeas vão apresentando características diferentes o que torna possível de identificar. Na sua fase adulta, machos e fêmeas já apresentam características bem diferentes, os machos são mais largos, têm a cauda mais comprida e perto da colaça apresentam saliências bem diferentes.

Com cerca de 4 meses de idade já será possível sexar os animais, segurando o animal na palma da mão, com a cauda virada para nós, levantamos com bastante cuidado a cauda e examinamos.

Criação: Este ponto será focado apenas de forma breve, pois apenas deve ser executado por quem tenha conhecimentos bastante grandes da espécie em causa. Embora seja possível sexar os animais com tenra idade, não significa isso, que estes estejam prontos para criar. Os machos podem criar com cerca de um ano de idade enquanto que as fêmeas não devem criar antes dos 2 anos. Ambos os animais devem estar de perfeita saúde aquando do acasalamento, bastando assim juntá-los. É necessário existir um sítio onde a fêmea possa deixar os ovos, (uma caixa por exemplo) e depois disso retirá-la com os ovos e encubá-los.

Terrários e acessórios: Os dragões barbudos são animais territoriais pelo que o aconselhável é existir um animal por terrário, contudo grupos de fêmeas também poderão ser encontrados no mesmo espaço.

O terrário deve ser um espaço amplo e natural, de forma a que, o seu dragão se sinta o mais confortável possível. Visto ser um animal do deserto australiano, as temperaturas diurnas e nocturnas deverão ser as que se fazem sentir no seu habitat natural, bem como a humidade do espaço.

Embora o aconselhável no caso dos dragões seja quanto mais espaço melhor, existem medidas mínimas de forma a não stressar o seu animal.

(Largura x Altura x Profundidade) em cm

Bebé: 50 x 30 x 25

Juvenil: 60 x 60 x 30

Adulto: 100 x 60 x 60

O terrário pode ser construído em madeira não tóxica ou em vidro (o que eu recomendo)

Substractos: Existem vários substractos à venda em lojas da especialidade, contudo o que eu recomendo é mesmo o papel de cozinha, por vários motivos. Permite um controlo da alimentação e da defecação do animal, como não é um fundo solto não existe o perigo de ser ingerido pelo animal. É o mais cómodo de limpar. Um ponto contra é o facto de não ser estético.

Se o interesse for de facto compor um terrário mais estético, existe à venda nas lojas ou em sites, a solução pode passar por argila que pretende imitar o ambiente do habitat natural, bastando cobrir o chão e deixar secar, quando isso acontecer vão abrir fendas, contudo este material é tóxico para o animal, sendo necessário por isso passar com verniz não tóxico, dando no mínimo 2 passagens em toda a argila. Também é um produto abundante no mercado, em qualquer loja de tintas existem vernizes aquosos que não são muito caros.

Existe ainda a areia, que se vê inclusivamente em muitas lojas de animais nos terrários, contudo embora dê um ar muito natural não é de todo o mais aconselhável, pois existe o risco de o animal ingerir ao alimentar-se e de sofrer de graves problemas intestinais e poder mesmo vir a morrer.

Aquecimento e Humidificação: Visto os dragões não serem um animal existente no nosso território há alguns cuidados que terão que ser tomados em conta de forma a dar ao seu animal todos os cuidados e qualidade de vida que ele necessita. Em primeiro lugar é necessário atingir as temperaturas que se verificam no seu habitat natural. O ambiente diurno no lado quente deve situar-se entre os 32ºc e os 35ºc na zona quente consoante a idade do seu dragão e os 25ºc na zona fria, devendo existir um chamado basking spot (local com um foco de calor, ter em atenção que as lâmpadas que emitem calor devem estar envolvidas por um casquilho de cerâmica, resistente assim às altas temperaturas que estas emitem) com temperaturas de 40ºc para se poder banhar, de noite as temperaturas devem situar-se entre os 18ºc e os 20ºc, a humidade deve situar-se entre os 10% e os 30%.

As temperaturas podem ser facilmente atingidas através por exemplo de lâmpadas de cerâmica, que apenas emitem calor e não luz, podendo estar ligadas dia e noite sem incomodar assim o seu dragão. Estas devem estar sempre ligadas a um termóstato com sonda de forma a manter sempre as temperaturas. A potência quer das lâmpadas quer do termóstato varia de acordo com o tamanho do terrário. É importante nunca usar tapetes de aquecimento nos seus répteis pois como eles gostam de locais quentes vão passar muito tempo sobre o tapete o que lhes pode causar queimaduras muito graves.

Ventilação: É importante que o terrário se encontre devidamente ventilado por exemplo através da aplicação na madeira ou vidro de respiradores, de modo a que o ar no interior seja renovado. No caso de existir mais que um respiradouro tenha em atenção o local onde o terrário se encontra e coloque os respiradouros desalinhados um do outro devido a possíveis correntes de ar. Pessoalmente aconselho a colocar os respiradouros nas laterais do terrário.

Ter em atenção que o topo deve estar tapado para evitar que o seu animal fuja do terrário.

Iluminação: Visto serem os répteis animais de sangue frio e com carência de vitamina D, passam boa parte do seu dia ao sol de forma a receberem calor e também os raios solares, para isso, para além de ter a temperatura ideal é necessário ter também uma lâmpada com o espectro solar adequado, a que eu recomendo é a Repti-Glo 10.0 da Exo-Terra. A potencia da lâmpada deve variar com o tamanho do terrário. Esta deve ser colocada perto do local onde o seu dragão passe maior parte do tempo, mas de forma a que não consiga alcançá-la.

O foto período deve ser de14h dia 10h noite, de verão, e 12h dia 12h noite, de inverno. Poderá controlar o foto período manualmente ou através de um temporizador.

Decoração: A decoração não é de todo o mais importante para o seu dragão, contudo um elemento indispensável é a colocação de troncos no interior do terrário de forma a que o seu dragão possa trepar, ou mesmo banhar-se sob as lâmpadas depois se alimentar. Os troncos antes de serem colocados devem ser previamente limpos, e depois disso ou ir ao forno ou colocar em água quente, neste último caso é importante depois de tirar da água, colocar ao sol de forma, que fique bem seco sem qualquer humidade e só depois colocar no terrário. Outro aspecto importante é a largura e a estrutura dos troncos ser suficientemente forte de forma a aguentar com o seu animal. Pessoalmente aconselho no caso dos terrários de vidro colocar background por trás e nas laterais de forma a que o seu dragão se sinta mais confortável e mais seguro no seu espaço. Uma série de outros acessórios podem ser colocados no terrário, tais como pedras, esconderijos ou mesmo plantas de plástico de forma a dar um ar natural, contudo estas ultimas são meramente decorativas.

Saúde e Higiene: Qualquer anomalia que detecte no comportamento do seu animal dirija-se com urgência a um veterinário especialista em répteis.

Ter atenção à ameaça de parasitas.

Lave sempre bem os alimentos antes de os dar ao seu dragão pois podem conter pesticidas.

Borrife o seu dragão e o terrário, refrescando-o assim, mas não em excesso, pois pode aumentar a humidade do terrário e o aparecimento de parasitas.

Na altura da muda de pele para além de borrifar o seu dragão é importante dar-lhe banho com água morna de forma a afastar os parasitas e também assim estimular a sua actividade intestinal.

Limpeza semanal do terrário é obrigatória. Pessoalmente Borrifo primeiro tudo com um pouco de lixívia (ter em atenção os cantos que devem ser muito bem desinfectados) e depois limpo tudo muito bem com água, a medida deve ser pelo menos de 1 lixívia por 10 de água, visto se tratar de um produto tóxico. O seu dragão não deve permanecer no terrário aquando da limpeza.

Cuidados: Este ponto é talvez o mais importante do texto pois existem alguns cuidados básicos que nunca deve dispensar com o seu animal.

Tenha em atenção as crianças que manuseiem ou alimentem o animal devem sempre ser supervisionadas por um adulto.

As lâmpadas que emitam calor não devem estar ao alcance do seu animal de forma a não o queimar.

Se a alimentação base do seu dragão for grilos tenha em atenção que de noite não devem permanecer no terrário, pois estes se tiverem fome podem morder o seu dragão enquanto dorme.

Evite utilizar no seu terrário qualquer espécie de substracto solto.

Tudo o que esteja em contacto com o seu animal não deve ser composto por produtos tóxicos.

Mantenha uma boa ventilação no terrário.

Limpeza pontual do terrário não pode ser dispensada.

E mais importante que tudo….. qualquer comportamento estranho que detecte no seu animal consulte um veterinário especialista em répteis.

Aqui deixo umas fotos da minha menina, a primeira no dia em que chegou, com 2 meses e as outras duas, 2 meses depois de a ter comigo.

6 comentários:

  1. Muito obrigada! Este pequeno texto está a ajudar-me muito no cuidado do meu Dragão!

    Beijinhos *

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  2. Preciso dar o desparasitante ao meu dragao , mas não lhe consigo abrir a boca .
    Podem me ajudar ?

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  3. Embora tenha tido todos os cuidados mencionados a cauda do meu DB caiu. É possível voltar a crescer?

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    1. Cara Sandra vc poderia me diser aonde comprou o seu Dragão Barbudo

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  4. E necessário fazer desparasitação ?

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